Morreste-me

O TEMPO ENTRISTECIDO,

O TEMPO PARADO,
O TEMPO ENTRISTECIDO E MUITO MAIS TRISTE DO QUE
QUANDO OS TEUS OLHOS, CLAROS DE NÉVOA E MERESIA
DISTANTE FRESCA, ENGOLIAM ESTA LUZ QUE AGORA É CRUÉL.
QUANDO OS TEUS OLHOS FALAVAM ALTO E O MUNDO NAO
QUERIA SER MAIS DO QUE EXISTIR.
AS MULHERES FALAVAM, OS HOMENS FUMAVAM CIGARROS, COMO EU;
NÃO, A MORTE, QUE NOS, SERES INCAUSTOS, FECHAMOS-LHES SEMPRE
OS OLHOS NA ESPERANÇA PÁLIDA DE QUE,
SE NÃO A VIRMOS,ÉLA NÃO NOS VERÁ.
POUSEI-TE AS MÃOS NOS OMBROS,
NO NOSSO PRIMEIRO ENCONTRO.
AGORA, TODA A FORÇA SE ESMORECERA NOS BRAÇOS,
NA PELE AINDA VIVA.
NÃO TE MENTI!
DISSE AQUILO EM QUE ACREDITAVA.
QUE TE AMO MUITO...
AGORA DOI-ME A VIDA,
DOI-ME A VIDA QUE EM TI ACREDITEI.
QUERIA AGARRAR-TE NA MINHA VIDA.
A VIDA ROUBOU-TE DE MIM.
DO SILÊNCIO, DA PENUMBRA, UM CRESCER DE ESPECTROS, MEMÓRIAS?
NÃO, VULTOS QUE SE ESCUSAVAM DE SER MEMÓRIAS, OU TALVEZ
UMA MISTURA DE CARNE COM LUZ OU SOMBRA.
E PENSEI, NÃO PODERIAM OS HOMENS MORRER COMO MORREM OS DIAS?
ASSIM, COMO OS PASSAROS A CANTAR SEM SOBRESSALTOS E A
CLARIDADE LIQUIDA VITREA EM TUDO, E O FRESCO,
A BRISA LEVE A TREMER, AS FOLHAS DAS ARVORES,
O MUNDO INERTE OU A MOVER-SE CALMO E O SILÊNCO
A CRESCER NATURAL NATURAL, O SILÊNCIO ESPERADO,
FINALMENTE JUSTO, FINALMENTE DIGNO.
E ESTE LUGAR QUE ÉRA MUNDO, AGORA VAZIO, OCO QUE QUER SER
MUNDO AINDA.
E, REALMENTE, TUDO SE MANTEM SUSPENSO.
TUDO QUER E TENTA SER IGUAL.
TODOS PARECEM ACREDITAR.
SEM TI, AS PESSOAS AINDA VÃO PARA ONDE IAM,
AINDA SEGUEM AS MESMAS LINHAS INVISIVEIS.
MAS EU SEI.
PERDERAM-SE AS LEIS CONTIGO.
PERDEU-SE A ORDEM QUE TRAZIAS.
O SORRISO DE QUE TANTO PRECISO E O BRILHO DA ALEGRIA,
FELICIDADE QUE TRANSMITIAS QUANDO OLHAVAS PARA MIM.
O CÉU ARRASTA AS NUVENS TRANSPARENTES NUM ÊXODO LENTO.
A ESTRADA DA VIDA CORTA ESTE MUNDO, DIVIDE DIRECTA AO HORIZONTE
QUE NÃO HÁ, DIDECTA AO CÉU.
EU AVANÇO, AVANÇO E REGRESSO.
E CADA QUILOMETRO, UM MÊS;
DACA METRO UM DIA.
AVANÇO PARA O QUE FOMOS.
ENCONTREI NAS PEDRAS DESTE CAMINHO, NO LUMINESCENTE
DESTA VIAGEM, UM ESPAÇOPOR ONDE ENTREI E ACELERO,
ONDE CADA QUILOMETRO EM FRENTE É UM MES QUE RECUO.
E AVANÇO NESTE CAMINHO QUE FIZEMOS JUNTOS E AVANCAM
AS ESTAÇÕES DO ANO...
E AVANÇAM OS QUILOMETROS ONDE ENTRO COMO SE CAISSE.
VETERGINOSAMENTE, ATIRO-ME NESTE POÇO,
NO FUNDO QUE NÃO SE VÊ DESTE POÇO.
E HÁ TANTA LUZ.
HÁ OS INSTANTES QUE VIVEMOS JUNTOS E QUE AGORA NASCEM
SEM NÓS E QUE NOS ULTRAPASSAM.
HÁ O SOL QUE PARTILHAMOS JUNTOS E QUE AGORA NÃO NOS AQUECE.
PASSO POR TUDO E TUDO PASSA POR MIM.
CAIO, AVANÇO E REGRESSO.
PROCUREI-TE PARA LÁ DAS MEMORIAS.
NOS CANTOS INTIMOS DO NOSSO AMOR QUE SÓ NÓS CONHECEMOS,
E NÃO TE VI, NAO TE VEJO.
VI APENAS, NO NEGRO ANTES ILUMINADOS, O NEGRO DA TUA FALTA,
A DOR SEM FIM QUE SÓ SE PODE SENTIR.
PROCUREI-TE NOS CANTOS DA NOITE.
ENTREI NO MEU QUARTO ONDE FOMOS FELIZES,
QUE AGORA SÓ TRAZEM LEMBRANÇAS E SAUDADES.
CAMA FEITA E O QUADRO QUE OUTRORA ME OFERECERAS.
SINTO O VEZIO DA MINHA ALMA E A ALEGRIA
QUE LEVASTE CONTIGO.

jose luis peixoto...